Abstract:
O presente trabalho tem como temática o estudo do gênero na religião do Candomblé de nação Ketu. O objeto de estudo é o espaço religioso Terreiro Ilê Axé Bá Fúnfún, localizado na comunidade Lagoa do Portinho, região litorânea do município de Parnaíba, no estado do Piauí. A pesquisa é de abordagem qualitativa e utiliza a metodologia da história do tempo presente e oralidade para analisar a percepção dos papéis de gênero nesse contexto. Embora o terreiro contemple diferentes gêneros, historicamente as mulheres têm sido as principais responsáveis pela estruturação e perpetuação do culto, desde o período escravocrata, em alinhamento com aperspectiva cosmológica matrilinear. A maior parte das entrevistas foi realizada com as mulheres da instituição, além do sacerdote, com o objetivo de compreender como o binarismo de gênero presente na cultura patriarcal contemporânea atravessa espaços que possuem uma essência fortemente matrilinear. A pesquisa fundamenta-se principalmente em autores como Roger Chartier (2009) e Pierre Nora (1993), que auxiliam na compreensão sobre memória; Oyèrónkẹ́Oyěwùmí (2021), que oferece uma perspectiva africana sobre gênero; Odé Kileuy e Vera de Oxaguiã (2009), que abordam a liturgia do Candomblé; e Pierre Verger (1981), que trata da antropologia religiosa afro-brasileira. Os objetivos específicos incluem entender, por meio das entrevistas, o papel histórico-social das mulheres no terreiro; observar como os papéis de gênero são organizados nos cargos e postos do Candomblé; e compreender as vivências do feminino e suas relações com o sagrado nas funções desempenhadas no Terreiro Ilê Axé Bá Fúnfún. Este trabalho busca contribuir para uma reflexão aprofundada sobre as dinâmicas de gênero em um espaço religioso que carrega importante relevância histórica, cultural e social.
Description:
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual do Piauí, como requisito para a conclusão do curso de Licenciatura Plena em História da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Campus Professor Alexandre Alves de Oliveira.