Resumo:
Este trabalho investiga o conhecimento filosófico que surgiu aos poucos, em substituição aos mitos e às crenças religiosas, na tentativa de conhecer e compreender o mundo e os seres que nele habitam. A formação do pensamento filosófico se deu na passagem do mito (mýthos) para a razão (lógos). Os deuses têm sua importância relativizada pela razão a partir dos elementos existentes na natureza estudados pelos pré-socráticos. Este trabalho abordará alguns elementos do discurso mítico, levando em consideração o indício da inflexão das primeiras formas de pensar que se adaptaram até sua forma sistematizada. A tragédia grega teve um importante papel no desenvolvimento do pensamento ocidental, seja por meio da estrutura linguística ou sua estrutura interna que inaugura o papel político e cívico pelo qual a tragédia era responsável, papel esse desempenhando pelas narrativas de poetas passados. Nesse sentido pretende-se analisar ao longo dos capítulos que se seguem, em um primeiro momento, a relação entre mitologia e filosofia e como ocorreu o processo de transformação do saber. A seguir, num segundo momento, a origem da tragédia e sua definição elaborada por Aristóteles, ainda nesse ponto traçaremos um percurso através do enredo trágico, de forma que possamos vislumbrar como se forma a graciosidade da obra trágica com o uso de sua estrutura interna. No terceiro momento, verificaremos a relação dos elementos constituintes da tragédia que se ligam ao enredo trágico possibilitando o andamento da ação teatral. Por fim veremos as verossimilhanças do pensamento mítico e, a priori não racional, em relação ao pensamento sistemático e lógico, próprio da filosofia.