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O presente artigo visa analisar monumentos e outros rastros de memória referentes à Esperança Garcia, mulher negra escravizada que é reconhecida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) como primeira advogada do Piauí (e posteriormente do Brasil). As balizas temporais giram em torno da contemporaneidade, buscando-se analisar as homenagens feitas entre os anos de 2017 a 2024. O reconhecimento se deu devido à carta que escreveu denunciando os abusos sofridos na fazenda dos Algodões, escrita em 6 de setembro de 1770 e identificada pelo historiador Luiz Mott (2010). Esperança viveu em uma constante busca por sua liberdade e a de seus filhos e companheiras de trabalho, fato este que foi base, a posteriori, para a criação, entre os anos de 2017 e 2024, de uma série de iniciativas e monumentos que celebram sua resistência e memória. Nesse sentido, abordarei ao longo das seções como essa monumentalização corrobora para um tipo de memória em que Esperança Garcia seja um símbolo da luta por emancipação da escravidão no Piauí no contexto colonial. O artigo aborda a conjuntura histórica da América Portuguesa, no geral, e da capitania do Piauí, em específico e com enfoque no papel de Esperança Garcia naquele contexto colonial; e enquanto uma mulher-memória, lembrada e incorporada à sociedade contemporânea por meio de práticas de monumentalização. Essa pesquisa teve como objetivo analisar o contexto histórico em que viveu Esperança Garcia, bem como investigar as memórias patrimonializadas sobre Esperança Garcia; considerando seus sentidos e o valor desses lugares de memória para a sociedade piauiense e brasileira. Para isso, serão utilizadas as pesquisas de alguns autores na análise dessas fontes, como Pierre Nora (1993), Luiz Mott (2010) e Hebe Mattos (2017). Nosso principal referencial teórico foi o autor Pierre Nora (1993), a partir do que propõe em Entre memória e História - A problemática dos lugares. Tudo somado, discutiremos como a memória de Esperança Garcia foi construída e preservada, bem como sua importância para a comunidade negra, servindo como símbolo de luta e inspiração. Dessa forma, o artigo partirá da análise das perspectivas apresentadas nas obras citadas acima e discorrerá sobre a história, a memória e a práticas de patrimonialização em torno de Esperança Garcia, que tem se tornado símbolo de luta e inspiração para a comunidade negra no tempo presente. |
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