Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais? Contracultura e questão de gênero na produção em super-8 de Teresina nos anos de 1970

Abstract

O trabalho pretende analisar qual o lugar reservado às mulheres nas produções culturais de jovens piauienses que aderiram à contracultura na década de 1970. Considerando a contracultura como questionadora dos valores da sociedade burguesa, e que a partir dela novos padrões sociais foram propostos, pondo-se em questão convenções sociais tidas como tradicionais, em favor de um comportamento libertário; pretendemos verificar se a liberdade proposta pela contracultura, que notadamente contemplava os homens, estendia-se também às mulheres, ou seja, se houve mudanças de expectativas em torno do papel social da mulher entre a perspectiva da sociedade burguesa e a perspectiva contracultural. Tal problemática surge a partir de uma leitura critica do livro “On the Road”, considerado historicamente uma “bíblia” para os movimentos contraculturais de todo o mundo, ocasião em que pudemos perceber nesta importante obra comportamentos sexistas misóginos por parte de seus principais personagens. Assim, decidimos selecionar um corpus documental constituído por quatro filmes experimentais produzidos em Teresina na década de 1970: “Davi vai Guiar”, “Miss Dora”, “Coração Materno” e “Terror da Vermelha”. Eles permitem, nos limites dessa pesquisa, perceber não apenas rupturas, mas também permanências de padrões burgueses de sociabilidade nas propostas contraculturais.