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Compreender qual é o sentido da existência humana é um propósito que persiste desde os primórdios da filosofia até os dias atuais. Pode-se afirmar que ainda será por muito tempo assunto para indagações, análises e reflexões filosóficas. Na antiga Grécia, berço de grandes filósofos, Sócrates (c. 470-339 a.C.) exortava seus alunos com a máxima “conhece-te a ti mesmo”. Outros pensadores de épocas posteriores também tiveram, como objeto de estudo e reflexão, a condição humana. Na modernidade, Descartes (1596-1650) eterniza seu pensamento na certeza do “cogito ergo sum”, ponto de partida para sua teoria do conhecimento. Na contemporaneidade, em meados do século XIX, o pensamento existencialista de Soren A. Kierkegaard (1813-1855) finca as bases para o existencialismo do século XX. Jean-Paul Sartre (1905-1980), figura máxima desse tipo de pensamento, tem seu olhar voltado para o concreto, o singular, o vivido, tendo como prioridade a existência. A obra de Sartre será fundamental para o pensamento existencialista da contemporaneidade, pois, ele ergue sozinho, uma doutrina ímpar desvinculada de influências externas ou referências alheias. Sartre tem como ponto de partida para seu pensamento a máxima: “a existência precede a essência”, ou seja, a primazia do existir humano em detrimento de seu projeto. Seguindo esse princípio, a liberdade é condição primeira para a consecução da vida. Daí advém a tremenda responsabilidade na tomada de decisões voluntárias pelo homem. Desespero, angústia e desamparo decorrem por conta de estarmos em nossas subjetividades, sozinhos no mundo e sempre sujeitos à obrigação da auto escolha. Na ausência de um projeto ou de uma essência que o caracterize como humano, é o homem que por ele mesmo se humaniza e torna-se réplica de todos os homens. Pensar politicamente o nosso momento sob o viés do existencialismo sartriano, é também observar a tomada de posição do filósofo frente às tendências políticas da sua época. Atualmente, o que se observa diante da instabilidade política em nosso país, é uma generalizada apatia quanto aos rumos tomados por aqueles que nos representam. O que leva o povo brasileiro a agir por má fé.Portanto, se existe má-fé por parte dos brasileiros, esta advém da falta de cultura política. O Brasil é um país jovem. Sua tradição política é voltada para o interesse das classes dominantes. Trazer a lume algumas questões pertinentes ao nosso momento político atual é gratificante para nós e, quem sabe, também o seria para Sartre, ao perceber o quanto se faz presente e necessária sua doutrina para se pensar hoje o homem e os seus problemas. |
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