Utilização do Jucá (Libidibia ferrea(Mart. ex Tul.) L.P Queiroz) Em Barro Duro, Área Rural de Tutóia, Maranhão

Abstract

"O jucá (Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P. Queiroz), pertencente à família Fabaceae, é uma espécie nativa e arbórea registrada nas regiões Nordeste a Sudeste do Brasil, utilizada para fins madeireiros, medicinais e ornamentais. No entanto, o desaparecimento do conhecimento relacionado ao progresso científico, programas de saúde e globalização podem ocasionar no desuso de plantas em comunidades tradicionais. Este fato sugere que as transformações socioculturais podem causar a escassez de práticas e conhecimentos sobre os recursos vegetais locais. Deste modo, objetivou-se investigar o conhecimento tradicional local sobre o jucá, na comunidade rural de Barro Duro, Distrito de Tutóia, Maranhão, por meio de formulários semiestruturados. Os dados foram coletados após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) sob N° 4.311.859 e com o parecer do cadastro no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SISGEN), sob N° A8A2F86. Utilizou-se a técnica de Rapport para conquistar a confiança dos participantes e turnês-guiadas para a coleta do material botânico. O Valor de Diversidade de Uso (VDD) foi usado para verificar a maior diversidade de finalidades dentre as categorias citadas, com prevalência na categoria medicinal (93,5%) e tecnológica (6,5%), e o índice de Valor para a Parte da Planta (VPP) foi utilizado para estimar a parte vegetal da espécie mais utilizada: fruto (48,4%), fruto e casca (38,7%), casca e caule (6,5%), fruto e folha (3,2%), casca e folha (3,2%). Dentre os usos mencionados destacou-se sinais e sintomas em gerais. Verificou-se que as formas de preparo mais utilizadas foram: garrafadas e trituração (67,6%), garrafas e decocção (19,4%), garrafadas e infusão (6,5%) e in natura (6,5%) na qual o fruto é torrado para consumo. As formas de administração que prevaleceram foram sob uso oral (74,1%), clister retal (lavagem) (19,4%) e uso tópico (6,5%). Os resultados demonstraram que 58% dos entrevistados conhecem e utilizam a espécie L ferrea, e que o gênero feminino possui maior destaque quanto ao fornecimento das informações. Porém, o conhecimento local encontra-se ameaçado pelas mudanças comportamentais, visto que os jovens não se interessam em praticar tais costumes. Assim, esse estudo representa uma estratégia importante para o resgate e valorização do conhecimento tradicional."