Abstract:
As praias arenosas são ambientes extremamente dinâmicos e demandam de sua fauna adaptações físicas e comportamentais. Por isso, esses organismos desenvolveram estruturas que lhes permitem escavar o solo ou mesmo construírem tocas para se refugiarem no sedimento, impedindo a dessecação dos animais durante a maré baixa, além de os proteger do impacto da maré alta. A macrofauna bentônica das praias arenosas é composta principalmente por crustáceos, entre eles a espécie em estudo, Ocypode quadrata. O presente trabalho teve como objetivos verificar distribuição das tocas entre o mesolitoral e o supralitoral em cada uma das praias, estabelecer a densidade de caranguejos por m2 em cada uma das áreas e comparar as densidades entre as praias. Para tanto foram analisadas oito praias, sendo elas: Pedra do Sal, Atalaia, Coqueiro, Arrombado, Maramar, Macapá, Barra Grande e Barrinha. As coletas de dados ocorreram no início da manhã durante a maré baixa. Em cada praia foram distribuídos aleatoriamente perpendiculares à linha d’água dois transectos de 5 x 20m. Em cada transecto as tocas foram contadas e suas localizações anotadas. Foram registradas 222 tocas em quatro das oito praias. A maior ocorrência de tocas foi na praia de Atalaia, onde foram registradas 113 tocas, o que pode estar relacionado à maior disponibilidade de alimento. Houve preferência de ocupação pela região do supralitoral, corroborando com outros estudos em outras regiões. Em relação à densidade observou-se Pedra do Sal com 0,11 tocas/m2, Atalaia com 0,28 tocas/m2, Arrombado com 0,07 tocas/m2 e Maramar com 0,06 tocas/m2, esses valores de densidade são muito parecidos com os obtidos no litoral do Espírito Santo. O presente estudo nos trouxe uma visão inicial da distribuição desta espécie no litoral do Piauí, entretanto mais estudos são necessários incluindo dados relativos ao tamanho das tocas para podermos fazer mais inferências sobre a distribuição desta espécie nas praias do Piauí.